O verdadeiro discípulo

 
Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.33)



Todo o cristão é discípulo? É possível ser verdadeiro cristão e não ser verdadeiro discípulo? Como o cristão pode encher sua vida diária de Cristo, de devoção e oração ao ponto de ser verdadeiramente “sal e luz do mundo” (cf. Mateus 5.13-16)? Por que o cristianismo brasileiro não tem transformado efetivamente a sociedade em que vivemos? Um dos motivos do cristianismo atual não ser transformador, está no fato dos que se dizem cristãos, não serem discípulos verdadeiros. Eles assim vivem o dia-a-dia como se Cristo nem existisse, pois não renunciaram verdadeiramente a si mesmos, e não passaram a “buscar o reino de Deus e sua justiça em primeiro lugar” (cf. Mateus 6.33).

Precisamos denunciar um erro que infelizmente nos foi ensinado por nossa cultura evangélica atual, nós aprendemos a separar a nossa vida em duas: uma secular cotidiana (que se torna a principal) e outra religiosa sacra (que é apenas a sobra da anterior). O fato de os ditos cristãos viverem duas vidas distintas, impossibilita que sejam verdadeiros discípulos. A vida secular, neste caso, sempre se tornará mais importante, e sempre estará em conflito com a vida religiosa (ou espiritual). Sendo assim, nunca se terá tempo para orar, para buscar a Deus, para buscar as coisas do reino de Deus, pois no cotidiano secular os valores sempre serão o sucesso profissional ou acadêmico, a autorrealização, a busca pelo sustento material, por riquezas, prazeres e entretenimento, etc.

Precisamos, assim, resgatar a verdade bíblica que não existe dicotomia no viver cristão, que há apenas uma vida para ser vivida por ele, e que essa vida deve ser para glória de seu Deus, como Paulo nos ensina em 2 Coríntios 5.15: E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (NVI). Precisamos, porém, de uma ressalva feita por Tish H. Warren, que diz:“não é que atividades supostamente espirituais como evangelismo, oração ou culto congregacional sejam os nossos deveres reais ou importantes, enquanto o trabalho diário é inferior. Nem contudo, que o vai e vem do nosso mundo de ‘segunda a sexta’ seja o nosso trabalho real e que nossas vidas espirituais e culto dominical sejam só um extra. [...] [Ao contrário] nosso trabalho profissional e vocacional é parte da missão e do significado do nosso culto congregacional”.

 Acima de tudo, precisamos entender que para sermos verdadeiramente cristãos, temos que ser discípulos. Dietrich Bonhoeffer afirma que: "somente aquele que abdica de tudo que possui no discipulado de Jesus pode dizer-se justificado apenas pela graça. Tal pessoa reconhece o próprio chamado ao discipulado como graça, e a graça, como esse chamado. Mas aquele que, com essa graça, deseja ser dispensado do discipulado, engana a si próprio".

 Portanto, devemos, através da graça de Cristo, negar a nós mesmos, e seguir a Jesus. Sem auto renúncia não existe salvação, e muitos estão se enganando, sendo chamados de cristãos sem serem de Cristo verdadeiramente. Só é verdadeiro cristão aquele que é verdadeiro discípulo, aquele que segue a Jesus pela fé, e vive, pela graça, unicamente para Deus, e não para si! Pois “...qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.” (cf. Lucas 14.27-33)

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