Ansiedade e isolamento
A
ansiedade pode ser tanto uma preocupação excessiva por alguma coisa ou por
alguma situação, como um descontrole pessoal que gera uma desorganização da
mente, do coração e até da rotina diária. Tal pode ser causada por diversos
fatores, entre eles: a utilização excessiva das mídias sociais; a idolatria do
controle, que tem a utopia de tentar controlar cada detalhe da vida; o medo em
relação ao futuro originado em um contexto catastrófico (como por exemplo uma
pandemia); e o isolamento social.
O
isolamento social por si próprio causa a ansiedade, pois vai na
contramão de nossa natureza, isto é, do propósito de nossa criação, tendo em
vista que o homem foi criado para viver em sociedade, para ter relacionamentos
pessoais. No relato bíblico da criação (em Gênesis 2) Deus diz que não é bom
para o homem a solidão, e assim, Deus não apenas cria a mulher para ser esposa e companheira do homem, mas também os ordena a multiplicação. Por isso, somente o isolamento já causa tamanho
descontrole e desorganização mental, emocional e pragmática. Mas o
isolamento que estamos vivendo não vem só, ele traz consigo um "mix" de
preocupações com o futuro, medos e temores, com uma enxurrada de vida virtual, “lives”,
“redes”, e um toque especial de procrastinação e falta de sol. Mas como
podemos vencer a ansiedade, apesar de estarmos vivendo o isolamento que a
favorece?
Primeiramente,
precisamos entender que a ansiedade se origina do pecado, de um coração idólatra
e insaciável. Por essa razão que Jesus, em Mateus 6.25-34, nos exorta a não
andarmos ansiosos por coisa alguma, mas ao contrário, confiarmos na provisão do
Senhor que alimenta os passarinhos e veste a erva do campo. Recentemente vi uma
frase em uma série de televisão que tem um fundo de verdade: “se você não
pode fazer nada, não se preocupe”. Esta frase aponta para aquilo que Jesus
está ensinando neste texto, quando nos ordena: “... não se preocupem com o
amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu
próprio mal" (v.34 – NVI).
De
forma positiva, neste mesmo texto, Jesus nos ensina como podemos vencer a
ansiedade, Ele diz: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua
justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (v.33). Desta forma
ao invés de ficarmos ansiosos, devemos buscar aquilo que nos é vital, essencial
e útil, e assim a ansiedade será vencida com o se ocupar com as coisas que
realmente importam em detrimento tanto das futilidades de nosso dia-a-dia, como
da estagnação mórbida, as vezes preguiçosa, as vezes depressiva.
E
o que realmente importa? Jesus lista duas coisas: o reino de Deus, e a sua
justiça. Há muitas explicações teológicas sobre essas duas coisas, mas gostaria
de forma simples trazer luz ao que se referem: o Reino diz respeito ao senhorio
de Jesus Cristo, não apenas sobre sua igreja, mas sobre toda a criação e sobre
tudo que acontece; buscar o reino então, não é só reconhecer que Jesus reina,
mas se render ao controle Dele, abrindo mão do querer ser senhor de sua própria
vida. Já a justiça de Deus, aponta tanto para o fato que em Cristo somos
justificados (perdoados de nossas culpas e declarados justos), como para o agir
com justiça no mundo corrupto, através da imitação de Cristo.
Bom,
o isolamento nas atuais circunstâncias é inevitável, mas podemos evitar a
ansiedade, pois podemos mesmo em isolamento, buscar imitar a Cristo (em suas
atitudes de bondade e na anunciação do evangelho), e render ao seu senhorio e
controle. E se ainda não ficou claro o papel da oração em todo este processo,
Paulo nos esclarece em Filipenses 4.6-7: “Não andeis ansiosos de coisa
alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições,
pela oração e pela súplica, com ações de graças.” E desta forma, “... a
paz de Cristo, que excede todo entendimento, guardará o vosso coração e vossa
mente em Cristo Jesus”.
Que
Deus o ajude, querido leitor e irmão, a vencer a ansiedade, enquanto você prioriza
no seu dia-a-dia a busca do vital e essencial, e aprende a depender e descansar
em Deus. E que o cântico do salmista seja o seu também: “Em paz me deito e
logo pego no sono, porque, SENHOR, só tu me fazes repousar seguro.” (Sl 4.8).